A Fragilidade da Igreja.

09/10/2013 11:23

A FRAGILIDADE DA IGREJA

 

“... as portas do inferno não resistirão à minha igreja...”,

 

 

 

 

Relutei um pouco para batizar o texto que passo a escrever com a nomenclatura dada, mas fui vencido pela constatação da realidade. Patinei na decisão porque a minha mente bíblica constantemente me faz pensar sobre a expressão de Jesus: “... as portas do inferno não resistirão à minha igreja...”, e sei que isso é verdade! Todavia de qual igreja estamos falando: daquela mencionada por Jesus ou dessa que contemplamos hoje em dia? Antes de chegar à conclusão de que se trata da mesma igreja é preciso desenvolver um raciocínio sobre a essência daquela e desta.

Comecei a pensar nisso ao ter a notícia de mais um famoso que apostatou da fé, desiludido com o sistema eclesiástico ou atraído pelo engano do mundo e, sinceramente, penso que o motivo pouco importa, afinal nada separa alguém de Deus e da verdade quando esse alguém já morreu e está crucificado em Cristo. A informação mencionada me levou a reflexão sobre o que estão fazendo com a igreja nos dias atuais e constatei que permeia meus pensamentos algumas ideias que podem nos ajudar a entender as diferenças da igreja fundamentada na rocha que é Jesus e a igreja dos dias atuais que parece estar mais alicerçado em estratégias, marketing e política eclesiástica (contudo a igreja de Cristo permanece em nossos dias imaculada mesmo que para a encontrarmos precisamos vencer a nebulosa formada pelos escândalos e heresias promovidas pelos falsos profetas dos dias atuais).

 

Minha primeira impressão é que estamos valorizando mais a instituição do que o organismo e isso reflete a inversão de valores, pois a primeira existe em função do segundo e não o contrário. Jesus fundou um organismo e nós demos a esse organismo uma instituição para que o mesmo cumprisse sua função terrena tendo em vista que o organismo é invisível e o seu campo de ação é visível: o mundo. Deus criou a alma e depois deu um corpo a essa alma para que se manifestasse num mundo visível, assim o organismo, que é o corpo de Cristo, recebeu uma instituição que possui CNPJ, endereço e paga contas. Nenhum problema na existência da instituição, mas ela não pode ser o foco da nossa atenção e trabalho, antes apenas representa e dá visibilidade ao organismo. No organismo está a fé, o amor, a esperança e tudo aquilo que deriva dessas virtudes cristãs. Já na instituição estão os cargos, o dinheiro e a projeção, e me parece que as pessoas gostam e se adaptam melhor na busca daquilo que a instituição oferece.

Na minha percepção noto que o louvor tem se revestido da face de entretenimento e isso, mais uma vez, faz a instituição ser mais importante do que o organismo. Pessoas não comprometidas com a missão do organismo ouvem e cantam as musicas cristãs com a maior naturalidade! O ser humano é musicalizado e para mim isso é muito mais claro ao ver o meu netinho com pouco mais de um ano de idade se balançar ao som da musica e usar qualquer pedaço de pau ou coisa parecida como se fosse uma baqueta (Será que ele se tornará um baterista? Misericórdia!). Gostamos da musica e então cantamos – isso é coisa de instituição e não de organismo, pois no organismo a musica serve apenas para celebrar a Deus e o elogiar pelos seus feitos e nunca para satisfazer nosso prazer musical. Novamente vemos a inversão de valores, pois no organismo temos prazer em louvar a Deus por meio da musica e na instituição procuramos “louvar” a Deus por meio daquela musica que nos dá prazer, como se o que não é nossa preferência musical, em termos de ritmo e melodia, não louvasse a Deus – até mesmo criticamos o que não nos agrada! No frigir dos ovos estamos nos agradando quando cantamos e não louvando a Deus!

Outro fator fruto da minha reflexão e que torna a igreja fragilizada em seu conceito diante da sociedade e dos próprios crentes é a nossa preferência por inchaço ao invés de crescimento, e isso ocorre porque somos peritos em inchar a igreja, mas totalmente incapazes de nela produzir crescimento. Disso resultam falsas conversões e batizamos pessoas aos montes para engordar e inchar as estatísticas da igreja sem nos ocuparmos em ver os frutos dignos do arrependimento. Importa-nos o templo cheio de pessoas e não a real espiritualidade dos participantes de nossas celebrações. Pessoas não regeneradas no seu modo de pensar ocupam até mesmo posições eclesiásticas e de destaque, e isso porque a instituição precisa delas e elas são capazes de dar a vida pela instituição – perceba que o organismo não foi mencionado na última frase! Por causa desse comportamento é que ouvi sobre um famoso que se desviou e tenho certeza de duas verdades: o tal famoso nunca se converteu e muitos famosos ainda irão se desviar.

Penso que preciso da instituição por causa do organismo e não ao contrário. Minha reflexão não faz coro com irmãos que desiludidos com a instituição querem que o organismo se expresse de forma invisível e desejam acabar com a instituição, pois julgo que a conclusão deles é simplista como matar o doente para ele não sentir mais dor. Pertenço e vivo no organismo, mas continuo precisando da instituição, todavia cada um no seu devido lugar!

Joel Stevanatto

pjstevanatto@gmail.com .

www.joelstevanatto.com.br